quarta-feira, abril 02, 2008

ADVOGADO DE EMPRESÁRIO AGRESSOR DEBOCHA DA VÍTIMA, DURANTE AUDIÊNCIA, NO FÓRUM DE JUSTIÇA DE CHAPECÓ

Eu vi. Você viu. O Brasil e o mundo viram, a covarde agressão de um brutamonte, a uma frentista de um posto de combustíveis, em Chapecó, Oeste de Santa Catarina. Nós vimos. E quando o fato foi noticiado pela televisão, imediatamente, aqueles que conhecem os envolventes tentáculos do Instituto Brasileiro da Impunidade, IBI, anteciparam o veredicto: Não vai dar em nada.

Difícil acreditar... Na audiência, no Fórum de Chapecó, na manhã de primeiro de abril, dia da mentira, o advogado do empresário agressor tentou humilhar a vítima... E não levou pimenta nos beiços...

Para agredir e em seguida fugir, esse covarde tinha a absoluta certeza de que não seria punido. Tanto é que, minutos depois da agressão, a polícia tinha os números da placa do carro, o nome e endereço do proprietário. Mas, as “otoridades” não foram atrás do agressor.

Ficaram esperando que ele se apresentasse quando bem entendesse. Forte fisicamente o bastante para massacrar a moça, que estava no seu ambiente de trabalho, e confiante o suficiente para saber que os policiais de Chapecó não perseguiriam um empresário bem sucedido financeiramente, ele continuou tocando a vida, como antes, sem nenhuma alteração.

A agressão aconteceu em 13 de março. E, na terça-feira, primeiro de abril, justamente o dia da mentira, o agressor da frentista compareceu ao Fórum de Chapecó, pela manhã, acompanhado de advogado, para participar do faz de conta da justiça: uma audiência de conciliação.

Não há como negar a agressão. As câmeras de segurança flagraram Valmir Neckel Voltz agredindo, covardemente, a jovem frentista, Salazete Ficagna, com socos. Depois da agressão, o empresário adotou a postura vulgar aos covardes, simplesmente fugiu. Fugiu assim que percebeu a aproximação de um homem, que estava no posto. E as “otoridades”, nenhuma atitude tomaram para puni-lo.

Com escoriações no rosto e fortes dores pelo corpo, devido aos “coices” do empresário, a frentista Salazete foi encaminhada ao Hospital Regional de Chapecó. Superado o medo, mas ainda carregando o trauma e o temor de uma represália (pois a impunidade facilita o crime em dobro), a moça deu início a uma ação por lesões corporais e danos morais contra o empresário.

No Fórum, na manhã do dia primeiro de abril, a vítima ainda teve que passar pelo constrangimento de encarar o agressor, o fanfarrão, o que aumenta consideravelmente a sensação de impotência, gerada pela impunidade. Frente à frente, sentaram-se o agressor, empresário Valmir, e a vítima, a frentista Salazete.

Tenho certeza, ela sentiu vontade de dar com um diabo nas ventas do agressor, mas se conteve. Porque ainda respeita as leis, a justiça.

Fato revoltante: Na audiência, no Fórum de Chapecó, a advogada da vítima indagou se o agressor estava disposto a oferecer alguma indenização, pela agressão. Difícil acreditar, mas o advogado do empresário respondeu com a mesma pergunta: se a vítima estava disposta a pagar uma indenização ao agressor. Disse essa bobagem com ironia e desrespeito e não levou pimenta nos beiços. Bem que merecia. Antigamente era assim, quem dizia palavrão ou qualquer bobagem, era punido com pimenta na boca.

O argumento da defesa se baseia no “sofrimento” do empresário truculento. O coitadinho do tal Valmir ainda está chorando, porque a moça Salazete, perigosa moça, teria insultado sua família. Moça malvada, não deixou o empresário guardar uma moto no posto, o que o deixou furioso. Valmir é do tipo que não pode ser contrariado. Se acontece, fica muito macho. Para ir no banheiro, tem que ser amarrado. Depois do não da frentista, ele partiu para a porrada. Menino zangado! Sujeitinho covarde! A jovem frentista apenas disse um não, explicou que a direção do estabelecimento não permite o estacionamento de veículos no pátio

E agora, como não houve acordo, o caso será avaliado pelo promotor André Mello, que poderá apresentar denúncia, por lesões corporais leves, contra Valmir. O promotor tem cinco dias para se manifestar. Ouça a voz das ruas, senhor promotor! O povo exige justiça. Chega de impunidade!

Se condenado for, o empresário agressor, poderá receber uma pena de três meses a um ano de detenção, que poderá ser transformada em prestação pecuniária (doação de migalhas a entidades) ou prestação de serviços comunitários. O agressor de Chapecó poderá, por exemplo, virar chefe de uma equipe de trabalhadores braças, como aconteceu com Silvinho Land Hover Pereira, do PT.

Ao encerrar essas linhas despretensiosas, quero deixar esse questionamento: Doutor juiz, quanto custa uma agressão, quanto vale uma humilhação? Pessoas de boa índole, de boa formação, têm a resposta: a vida e a dignidade não têm preços. Infelizmente, os senhores da toga preta não ouvem o clamor popular, o povo que reclama justiça.

Fatos, como esse de Chapecó, Santa Catarina, acontecem diariamente no Brasil. Alguns até de maior gravidade, são punidos com penas irrisórias, pagamento de cestas básicas. Para um empresário do ramo da construção civil, como é o caso desse ignorante chamado Valmir, algumas dúzias de cestas básicas não lhe afundarão os bolsos. Basta ele beber e farrear menos.

Desejo, afirmar, ainda, que a justiça, na verdadeira acepção da palavra, é fundamental para o funcionamento de uma sociedade. E, por fim, faço um alerta: Nenhuma nação sobrevive muito tempo, com tantas falhas na justiça, e sob as regras ditadas pela impunidade.

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