segunda-feira, março 31, 2008

CASO MARIA VITÓRIA, DE GOIÂNIA

À SOMBRA DA CASA DOS HORRORES, SOBREVIVE O MEDO DA IMPUNIDADE

O Ministério Público denunciou os torturadores da menina Maria Vitória, de Goiânia. Os mais ingênuos passam, imediatamente, a acreditar no exercício formal da justiça, como um fato consumado. No entanto, porque conheço muito bem os labirintos do judiciário brasileiro, não tenho medo de adiantar o resultado: ninguém será punido com o rigor que o caso exige.

São milhares e milhares os conhecidos casos de impunidade. Mas, tratemos de um, que está em curso nas mesmas terras de Goiânia, onde Maria Vitória foi torturada. É o caso da seqüestradora de crianças, Vilma Martins, condenada a quinze anos de cadeia, que já está gozando dos benefícios do regime semi-aberto. E o pior: no dia 21 de março, a seqüestradora Vilma Martins foi filmada na maior festa, uma zueira, uma farra com muita cachaça, vinho e cerveja num pesque-pague. Êta vidão! Cumprir pena, nem pensar.

O caso Vilma Martins não é o primeiro e nem será o último. Da boca do povo: não tem justiça no Brasil. A população se comporta assim, pelos motivos muito bem conhecidos. Ficar botando panos quentes, é hipocrisia.

No caso da tortura da menina L., 12 anos, aqui chamada “Maria Vitória” e cinco casos anteriores, necessário se faz que seja desenvolvida uma investigação mais completa. Com tantas vítimas, com tantas denúncias, porque as “otoridades” de Goiânia não agiram antes. As cicatrizes, os ferimentos, as chagas das outras vítimas, torturadas antes de Maria Vitória, não foram suficientes para sensibilizar as autoridades. Claro que não! Afinal, eram meninas e adolescentes pobretonas. Que força poderia ter o sofrimento, o gemido dessas criaturas, diante da imponência de dona Sílvia Lima Calabresi, uma bem sucedida empresária, dona de loja, construtora de casas para a classe média alta, moradora de uma cobertura, boas relações, esposa de engenheiro, dois filhos estudantes de engenharia.

Mas, as meninas, suas vítimas gemiam na escuridão do cárcere privado, na área de serviço da elegante e suntuosa moradia. Quando denunciavam não eram ouvidas. As “otoridades” não lhes deram ouvidos. As investigações foram arquivadas por falta de provas. As vítimas, algumas hoje já adultas, ainda guardam as cicatrizes, suficientes para comprovar tortura através de exame de corpo de delito. Mas, há alguns anos, quando foram torturadas, os ferimentos não convenceram as “otoridades”.

A delegada Adriana Accorsi tem demonstrado vocação para investigar o caso, isso é verdade. Pois, que todas as instituições se juntem à delegada Adriana. Inclusive, investiguem quem são essas ilustres figuras do passado, que fizeram vistas grossas para as outras vítimas, que arquivaram investigações. O Brasil quer saber, se não houve favorecimento para a Sílvia chic-chic.

E que outros favores a loirosa concedia à alta sociedade, além de construir casas de luxo? Com quem ela trocava palavrões e insinuações que levam a crer que, em torno de sua vida, havia promiscuidade e devassidão. Na frente da menina que torturava, Sílvia dizia palavrão e fazia insinuações de mulher vulgar. Será que o que nós, eu e você, estamos pensando, faz sentido? Além da tortura, que outras atrocidades foram cometidas contra frágil criança? Com certeza, ela ainda tem muito para dizer. Tudo é possível. Investiguem, pois, tudo indica, até agora, as investigações estão apenas arranhando o problema.

Também o promotor Cássio de Sousa Lima fez a sua parte. Ofereceu denúncia, no último dia 28, na 7a. Vara Criminal de Goiânia, contra a empresária Silvia Calabresi Lima e a doméstica Vanice Maria Novais, por tortura, maus-tratos e cárcere privado. Marco Antônio Calabresi Lima e Thiago Calabresi Lima, pai e filho, foram denunciados por omissão à tortura. Joana D’arc da Silva, a mãe biológica, também foi denunciada, “por entregar a filha a um terceiro, mediante pagamento”.

Consta, no inquérito policial, que os denunciados, o engenheiro Marco Antônio, marido de Silvia, e o filho Thiago, “tinham pleno conhecimento da tortura e não tomaram nenhuma providência para fazer cessar a barbárie”. Inclusive, Thiago tentou enforcar a menina.Vanice chegou ao requinte de elaborar um diário de torturas.

Para comprovar meus argumentos, de que as “otoridades” sabiam dos casos de tortura e nada fizeram, o promotor Cássio anexou, ao relatório, as queixas de outras cinco vítimas da empresária Sílvia. Meninas, algumas hoje mulheres, que foram escravas da empresaria Sílvia, submetidas a maus-tratos, entre os anos de 2004 a 2005. Também elas sofreram os efeitos de surras, espancamento, trabalho forçado e ameaças de morte. Sofreram, choraram e gemeram, mas ninguém, à época, as socorreu.

Portanto, investiguem a fundo! Se é que elas denunciaram, se registraram queixa na polícia, se os casos foram parar na mesa de algum juiz, isso tudo tem que ser esclarecido. E se alguém foi negligente, omisso, tem que pagar pelos seus atos.

A menina Maria Vitória repete a mesma história, sem mudar uma vírgula. Ela conhece bem o script do sofrimento, por isso nunca erra a fala. Era uma clandestina no apartamento de cobertura, não freqüentava a escola, não saia de casa. Era a escrava da torturadora Sílvia, do marido omisso e dos filhos safados, isso há dois anos.

Desde os dez anos, Maria Vitória era a escrava da empresária Sílvia, 42 anos. A criança era submetida a um regime forçado de trabalho. A coitadinha só podia dormir quatro horas por noite. A agenda de tarefas está descrita num diário, apreendido pela polícia junto com outros objetos de tortura. Os relatos mostram que a menina cumpria tarefas domésticas até 1h40m e recomeçava o trabalho às 5h40m. As anotações foram feitas pela empregada doméstica Vanice, 26 anos, que supervisionava as tarefas. Ela anotava tudo. Por exemplo: "Dia 17 - Chamei L., às 05h41min; amarrei a luva às 05h45min". (Vanice era encarregada de amarrar a criança, com correntes, e ajudava Sílvia na sessão de tortura).

Os relatos da menina são chocantes, perturbadores. LRS, aqui chamada Maria Vitória, detalhou as agressões sofridas na casa de Silvia, a quem, inocentemente, chamava de "tia": Ela conta: "Desde o meu aniversário (1º de novembro) a tia Silvia passou a me deixar amarrada... Colocava sacolas de plástico na minha cabeça, para me sufocar... Batia com o martelo nos dedos dos meus pés... Apertava os dedos das minhas mãos nas portas... Enfiava tesoura no meu nariz... Puxava a minha língua com um alicate... Me queimava com um ferro de passar roupa... Me amarrava na escada da área de serviço... E ainda me amordaçava, passando pimenta nos meus olhos e na minha boca".

Tal mãe, tal filho. Até o Thiaguinho, que menino aplicado, que eficiente estudante de engenharia e debutante na casa dos horrores. Ele também, o depravado, tentou enforcar a menina. Tudo isso a pobre criança indefesa relatava ao doutor Marcos, marido de Sílvia, e à mãe adotiva dela, a idosa Maria de Lourdes. Essa já está meio gagá. Mas, o engenheiro Marcos, poderia tentar evitar as torturas. Se não queriam denunciar a torturadora, poderiam pelo menos fazer com que respeitasse a criança.

Muita atenção para esse capítulo da história da casa dos horrores... “A tia Silvia sempre falava muita bobeira sobre homens com as amigas em casa... Ela era muito doidona", disse a menina. Escute bem, a menina está chegando perto da minha argumentação. Tem muito mais nessa história ainda mal contada. "Um dia ela pegou um pênis de borracha e me mostrou. Ela sempre mostrava para as amigas dela", relatou durante a menina. Hum, tem marido que é cego! Será que o engenheiro Marcos perdeu a noção de cálculo?

Tem mais coisa. Não estão revelando tudo. Parece, tem orgia por trás das sessões de tortura. Escrevo de Florianópolis, de muito longe de Goiânia, mas assim mesmo questiono esse caso macabro, muito estranho. Escrevo, com a autoridade que os brasileiros revoltados me conferem, a mim e a outros jornalistas, que têm coragem para cobrar justiça. Justiça!

Os fatos são gravíssimos... A menina foi achada, graças a uma denúncia anônima, amarrada e amordaçada na cobertura de Silvia, num bairro nobre de Goiânia. Era forçada a fazer os serviços da casa: lavava, passava e fazia faxina. Quando não conseguia executar o trabalho, contou, era torturada. Pouco antes de ser libertada, fora amarrada porque não secou o banheiro.

Para fechar... sem lágrimas. Maria Vitória, que está em um abrigo, já recebeu o "presente de seus sonhos", uma bicicleta, a promessa que Sílvia nunca cumpriu. E um empresário prometeu bancar os estudos dela, até a faculdade. Nada mal para uma criança que, no ano passado foi reprovada por faltas.

Novamente a questão: as “otoridades” nunca questionaram: por que uma menina, em idade escolar, desapareceu da sala de aula. E a professora, que sabia que a menina morava numa cobertura, mas passava fome, fato que a levou a dar restos de sua comida para Maria Vitória. Por que não denunciou. Omissão é crime.

Tudo indica que a empresaria Sílvia e a empregada Vanice iam matar a menina, pois as torturas se tornavam a cada dia mais violentas, insuportáveis até para um adulto. E perigosas. Maria Vitória foi encontrada pendurada pelos bracinhos, o que estava fechando seu diafragma, e amordaçada, o que dificultava ainda mais a respiração.

Sílvia e a empregada Vanice foram transferidas da delegacia para um casa de custódia. Estão em celas individuais. No momento, a grande preocupação das “otoridades”, é proteger as torturadoras Sílvia e Vanice, de quem as outras 130 detentas, da Casa de Prisão Provisória, querem tirar os escalpos. As duas são abastecidas com comidinha quente todo dia. Mas a menina Maria Vitória chegou a passar até três dias sem comer.

Dizem alguns, as duas podem pegar até 24 anos de prisão. Estamos nós todos, os mortais brasileiros, torcendo que assim seja. No entanto, talvez, muito mais cedo do que imaginamos, as torturadores da casa dos horrores estejam na rua, igual a seqüestradora Vilma Martins. Bebendo e farreando. Afinal, Goiânia também é Brasil.

(Baby Espíndola)


COMENTÁRIO

Data: Wed, 9 Apr 2008 15:59:56 -0700 (PDT)
De:"Anônimo"
Para:babyespindola@yahoo.com.br
Assunto: [BABY ESPÍNDOLA REPÓRTER] CASO MARIA VIT ÓRIA, DE GOIÂNIA tem um comentário novo.
Anônimo deixou um novo comentário sobre a sua postagem "CASO MARIA VITÓRIA, DE GOIÂNIA":

(...) Só lamento, porque tudo caminha para a impunição e o proveito financeiro ou promoção individual. É hora, e gostaria que efetivasse a justiça na sua integra, pois a ausência de atitudes de forma equivalente ou ate mesmo a inexistência de justiça tem feito e sempre fará com que as pessoas agridam aos menos favorecidas de forma gradativa, pois o NADA é o maior incentivo para a execução de atrocidades, torturas, violências... que acontecem todos os momentos. Cabe a cada um de nós, que zelamos pela integridade física e psíquica de nossas crianças ficarmos ainda mais atentos e contar com a proteção de DEUS, e com nossa constante vigília aos que amamos...



Postado por Anônimo no blog BABY ESPÍNDOLA REPÓRTER em 3:15 PM

sábado, março 29, 2008

CURRUPÇÃO E A BUCHADA DE BODE

Dona Mundinha, moradora de um grotão do Nordeste, é mãe de onze filhos vivos, fora os mortos, mas só três registrados em cartório. Todos são tratados por apelidos. Depois que ganhou um raidinho de pilha e começou a escutar uns boatos, a mulé que, mesmo sem marido, embarrigou novamente, passou a dar uns nomes estranhos aos filhos.

A filha mais velha ela denominou Currupção. Ela acha o nome melodioso, rima com curação. O segundo filho, que atorou um dedo com um facão, ela batizou de Lulala. É o mais falante da turma, tem jeito pra política. Nem precisa estudar, vai ser presidente. Outro, um gorduchinho, diferente dos irmãos magrelos, ela passou a chamar Mensalão. Um raquítico, com barriga de verme, é o Sanguissuga.

O Dóla Nacueca, é um rapazinho vistoso, bom de negócio, vende rapadura na feira. Faz dinheiro. Pra sustentar tantas bocas, Dona Mundinha, nome derivante de Raimunda, sabe que não pode contar só com o mata-fome do governo, ao qual é associada. Fiel aos seus princípios, ela agradece com voto.

O caçula, a mãe apelidou Doçiê. Não é raro ouvi-la gritando ao piá: “Dociê, sai dessi mato, qui podi tê cobra cascavé”. Como o menino não dá bola, ela apela ao sobrenatural: “Dociê, num demora, que o isprito do Lampião ti pega aí na caatinga”.

De tanto ouvir no rádio o sobrenome Vedoin, numa confusão de audição, Dona Mundinha passou a chamar um filho, bem miudinho, de Menduin. Esse é o trapaceiro da turminha. Quando vai à feira com o Dóla Nacueca, tenta vender tudo mais caro, é o super-faturador.

Outro nome envolvido num escândalo, que lembra o Dilúvio da Bíblia, também foi aplicado por Dona Mundinha em um dos herdeiros da miséria. É o Dilu Biu.

A lista de apelidos é bem maior, atinge também o papagaio, o cachorro baio, o bode velho. Bem, enquanto você fica imaginando a vida de Dona Mundinha e a filharada, vai ficando tarde. E como ta ficando tarde, é hora da Currupção temperar a buchada de bode. Afinal, logo, logo será outubro, mês de votação.

(Baby Espíndola)

terça-feira, março 25, 2008

COLUNA BABY ESPÍNDOLA REPÓRTER


"TRANSFERIDA AUDIÊNCIA EM PALHOÇA COM

O PREFEITO E REPRESENTANTES DA ANTT E OHL"

"Por motivo de agenda, foi transferida a audiência dessa sexta, 28, entre o prefeito de Palhoça, Ronério Heiderscheidt, e representantes da ANTT e da empresa concessionária da BR-101, a espanhola OHL, em Palhoça. Uma nova data será agendada. A reunião tem como pauta a definição da melhor alternativa para isentar os veículos com placas de Palhoça da tarifa de pedágio que vai ser cobrada a partir de agosto na rodovia federal. Duas propostas foram apresentadas para não onerar a população de Palhoça. A primeira seria isentar a taxa de pedágio para os veículos com placas de Palhoça. Outra possibilidade é a construção de um acesso exclusivo para os veículos emplacados no município".


Fonte: Assessoria de Comunicação da Prefeitura de Palhoça




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Baby Espíndola Repórter

comenta


OS SÚDITOS DO REI MERECEM MAIS RESPEITO


Sempre vai haver uma "agenda" entre os interesses dos palhocenses e as decisões do império podre de Brasília. O vereador Bala, João Carlos Amândio (PMDB), líder do governo na Câmara de Palhoça, tem razão: temos que radicalizar, se necessário, fechar a BR-101, protestar. É a única maneira de exigir o respeito que Palhoça e os catarinenses merecem. Afinal, os súditos do rei de Brasília merecem mais respeito.



E o vereador Bala não é o único descontente com o tratamento que vem do Governo Federal. O presidente da Câmara, de hoje, Nirdo Artur Luz (Pitanta, DEM), quando presidente, também em 2004, fechou a rodovia e realizou uma Sessão Especial, com 19 vereadores e centenas de pessoas sobre o asfalto, com transmissão de televisão.


Não se esqueçam, que Palhoça foi o palco final da Marcha pela Duplicação, que começou no Rio Grande do Sul. Assim sendo, necessário se faz admitir que os palhocenses têm know-how de sobra para peitar o governo de Brasília, com suas decisões antipáticas.


E os moradores dos municípios vizinhos, vão ficar atrás da moita? Se pretendem permanecer nessa posição incômoda, façam um estoque de papel. Porque a coisa vai feder! Não se esqueçam , o pedágio não é um problema isolado dos palhocenses. Lembrem-se que entre Palhoça e Tijucas serão duas praças de cobrança de pedágio, o que atinge a todos. Pedágio também pode "matar" nas estradas, pelo bolso.


Eu, enquanto profissional da imprensa, serei sempre radicalmente contra a cobrança de pedágio. Porque já pagamos a maior carga tributária do mundo. Imposto da Dinamarca, com serviços sociais de país tribal. Só otários pagam duas vezes pelo mesmo serviço. Em verdade, vos digo: Com tantos impostos e taxas, estamos alimentando a corrupção de Brasília.


Também acho, que essa história de isenção do pagamento de pedágio para os carros emplacados em Palhoça, pode ser qualificada como uma medida egoísta. É bairrismo. Estamos pensando em nós e não nos preocupamos com os demais. Sou contra a cobrança de pedágio, sou contra gafanhoto, das roças e do asfalto. Já pagamos impostos em excesso. (Não deixe de ler o editorial.)

É bom lembrar que o presidente Lula da Silva, quando em campanha pela reeleição, tratava o tema privatização como obra do satanás. Te afasta de mim, demônio da privatização - pensava ele, fantasiado de pobre, para enganar justamente os mais humildes.

E conseguiu seu objetivo: Enganou o povo, se reelegeu e agora tenta privatizar as rodovias federais. Na 101, serão quatro praças de pedágio. Na Grande Florianópolis, duas: em Tijucas e Palhoça. Isso significa dizer que o centro comercial e administrativo da Grande Florianópolis estará cercado de pedágios.

Decididamente, nós os súditos do Rei Lula merecemos mais respeito. Se necessário, o povo, através de suas lideranças, vai se impor, para exigir mais atenção do governo do império.


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Editorial
PEDÁGIO, O GAFANHOTO DO ASFALTO

Alguém já testemunhou o ataque de uma praga de gafanhotos? É incrível. Causa pânico e terror. Inicialmente, ao longe, você avista uma nuvem escura, que se desloca, rapidamente, impulsionada pelo vento. E, quando você menos espera, a praga está no seu quintal, nas suas terras. Em minutos, não sobra nada. As folhas das árvores, as plantações desaparecem, consumidas por um apetite voraz, destrutivo. Após a passagem dos gafanhotos, nada sobrou, além da terra seca.

Assim, de certa forma, agem as empresas que exploram o pedágio. Entretanto, há uma notória diferença entre as atitudes do agricultor, que de tudo faz para proteger sua produção, e as decisões dos governantes. Enquanto o agricultor luta contra a praga de gafanhotos, num esforço desesperado, os governos agem justamente ao contrário. Simplesmente insistem em entregar sua “plantação”, as rodovias, para os gafanhotos do asfalto, as concessionárias.

Rodovias, obras importantes para impulsionar o desenvolvimento, depois de prontas, são repassadas à iniciativa privada. Toma e explora o povo!, asseguram os contratos. Pois é justamente assim: O governo usa o nosso dinheiro, sugado de maneira avarenta, pelos métodos da repressão tributária, para construir rodovias, e depois as entrega, em bandeja de ouro, para as concessionárias, os gafanhotos do pedágio. Elas, as empresas, nada plantaram, simplesmente adquirem, em contrato, o dinheiro de consumir a “plantação”, o lucro fácil da praça de pedágio, a roça indesejável. Como gafanhotos, de tudo se apoderam, sob o argumento de conservar. Isso, quando conservam.

Tenho afirmado: Pedágio também pode “matar”, pelo bolso. Se não “mata”, mas causa um enorme estrago na economia de um estado. Querem um exemplo? Os usuários das 28 praças de pedágio, em operação no Rio Grande do Sul, já pagaram um bilhão, 300 mil reais, entre julho de 1998 e dezembro de 2006.

Ao invés de construir, para privatizar, o governo deveria entregar o todo, o ônus e o bônus: pedágio para a empresa que arcasse com despesas de construção. Assim, economizaria o dinheiro público.

E tem mais: a ação dos gafanhotos do asfalto é inconstitucional. Pelo menos, é o que argumenta uma estudante do Rio Grande do Sul. Na ausência de mestres com coragem para reagir, a estudante de Direito, Márcia dos Santos Silva, da Universidade Católica de Pelotas, resolveu denunciar “a inconstitucionalidade dos pedágios”, nas estradas brasileiras.


A jovem revelou, para uma platéia de estudantes e professores, que não paga pedágio. Contou que, em seu deslocamento, de Pelotas, onde mora, até a cidade do Rio Grande, onde apresentou seu trabalho de conclusão de curso, não pagou pedágio. E garantiu: na volta, faria o mesmo.


A Constituição da República, no artigo 5º., inciso XV, assegura que “É livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens”. A considerar o texto, então, pedágio é barreira, é ilegal. Nesse caso, a rebeldia é salutar. Então, inseticida para os gafanhotos do asfalto.

Não é justo pagar pedágio, porque os impostos cobrados, inclusive a Cide, são por demais suficientes para assegurar a construção e a conservação das rodovias.

A estudante gaúcha “fura” o pedágio. Preferimos, ainda, a escolha dos caminhos jurídicos, para tentar derrubar essas barreiras, que dificultam o “o direito de ir e vir”, assegurado pela Constituição.

Para finalizar: Se o governo reduzisse a cobrança de impostos, os brasileiros, com certeza, concordariam com o pagamento de pedágio. Agora, pagar duas vezes pelo mesmo serviço, jamais poderemos aceitar isso, passivamente.

(Texto: Baby Espindola)

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COMENTÁRIO

martha barbosa deixou um novo comentário sobre a sua postagem "COLUNA BABY ESPÍNDOLA REPÓRTER":

Nossa, cada vez que leio sobre política, fico triste, e essa história de pedágio? QUe textos bons, virei visitá-lo mais vezes.meu blog é marthacorreaonline.blogspot.com.Posso te adicionar nos meus favoritos?


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ISENÇÃO DE PEDÁGIO
A deputada Ângela Amin (PP-SC), deverá encaminhar, nos próximos dias, à Mesa Diretora da Câmara Federal, um projeto de lei, propondo a isenção do pagamento de pedágio, para os veículos emplacados em Palhoça, no posto de cobrança, que deverá ser instalado no quilômetro 221 da BR-101, próximo à Polícia Rodoviária Federal.

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PREFEITO APROVA
A iniciativa da deputada catarinense agradou ao prefeito de Palhoça, Ronério Heiderscheidt (PMDB), que, no dia 10 de março, esteve em Brasília, na Agência Nacional de Transportes Terrestres, para tratar do assunto. Na ocasião, o prefeito, o deputado estadual Renato Hinnig (PMDB), vereadores e representantes de lideranças comunitárias e empresariais, reuniram-se com o diretor geral em exercício da ANTT, Noburo Ofugi, quando propuseram a mudança da praça de pedágio, do km 221 para o km 246 (que fora definido no projeto original), na divisa entre Palhoça e Paulo Lopes.

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NOTA DA REDAÇÃO:

Essa informação já foi tornada sem efeito, lá no alto da página. Foi mantida, assim, no original, para o leitor saber que havia um compromisso agendado.

TÉCNICOS DA ANTT, EM PALHOÇA


Quando do fechamento dessa edição, a jornalista Valquíria Guimarães, da Assessoria de Comunicação da Prefeitura de Palhoça, enviou essa informação, via e-mail: “Confirmada para sexta, dia 28, às 11hs, no gabinete do prefeito de Palhoça, Ronério Heiderscheidt, a audiência com representantes da ANTT e da empresa concessionária da BR-101, a espanhola OHL. Em pauta, a definição da melhor alternativa, para isentar os veículos com placas de Palhoça, da tarifa de pedágio, que vai ser cobrada, a partir de agosto, na rodovia federal”.

Informa, ainda, o comunicado: “Estarão presentes na audiência o superintendente de exploração de infra-estrutura da ANTT, Amarildo Floriani, e o diretor superintendente da OHL em Santa Catarina , Márcio Protta. Antes da audiência, às 10hs será realizada uma vistoria no local onde está prevista a instalação da praça de pedágio, no KM 221, próximo ao posto da Policia Rodoviária Federal”.

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A MOBILIZAÇÃO CONTINUA
Em Palhoça, as lideranças que formam a Comissão Contra o Pedágio continuam mobilizadas, realizando reuniões semanais, e aguardando um posição da ANTT. Se não houver uma decisão satisfatória, vereadores e lideranças vão “radicalizar”, inclusive com o fechamento da BR-101.

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PROTESTO
João Carlos Bala: aguardando solução
Foto: Baby Espíndola








O vereador João Carlos Amândio (Bala, PMDB), líder do governo na Câmara de Palhoça, aguarda uma solução para esse impasse, chamado pedágio, na sexta-feira, na reunião com a direção da ANTT. Se o pleito palhocense não for atendido, o caminho é a “radicalização”, o que significa, inclusive, fechamento da BR-101, como forma de protesto.

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COERÊNCIA

Manoel Silva: contra o pedágio
Foto: Baby Espíndola





Elogiável a postura do vereador Manoel Scheimann da Silva. Mesmo filiado ao PT, o partido do presidente Lula da Silva, cujo governo pretende instalar pedágio em Palhoça, Manoel não abre mão de seus princípios. É contra a cobrança de pedágio, independentemente de cor partidária ou de governo.

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DEPUTADO RENATO HINNIG PEDE ACESSO PARA ASSEMBLÉIA E VEREADORES NA VIAMAX TV

Deputado Renato Hinnig e vereador Nirdo Artur Luz

Foto: Baby Espíndola

O deputado Renato Hinnig (PMDB), encaminhou ao presidente da Câmara Municipal de Palhoça, Nirdo Artur da Luz (Pitanta, DEM), cópia do requerimento encaminhado à Viamax, TV por assinatura, solicitando o cumprimento das determinações contidas no artigo 23, inciso I, alínea “B” da Lei Federal nº. 8.977/1995, para que passem a transmitir sessões ordinárias da Assembléia Legislativa e Câmaras Legislativas Municipais. Renato Hinnig sugere que as mesas diretoras das câmaras se mobilizem. É questão de cumprimento a uma lei existente.


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EPIDEMIA DE DENGUE

O mosquito da dengue está desafiando as “otoridades” da cidade e do estado do Rio de janeiro. Com status de epidemia, a doença já atinge quase 35.000 pessoas. Com um agravante, a Saúde Pública não está dando conta do recado. Enquanto o Ministério da Saúde, Governo do Estado e Prefeitura batem boca e se acusam, mutuamente, na tentativa de repassar a culpa adiante, a epidemia avança. Da boca do povo: o governador Sérgio Cabral e o prefeito César Maia deveriam ser presos, sob acusação de homicídio doloso, com o agravante do crime continuado.


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MOSQUITO SEM FRONTEIRAS
O mais grave é que não há fronteiras para o mosquito da dengue. Ele pode viajar de carro, de avião, de navio, para outros estados. E basta uma pessoa contaminada se deslocar do Rio para outro ponto, para aumentar os tentáculos da mortal epidemia. Em contato com o seu sangue, os mosquitos se tornariam transmissores e espalhariam a dengue na nova região.

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ARMADILHAS EM SC
Mosquito da dengue esperto, bate asas para longe de Santa Catarina. Isso porque, a Secretaria Estadual da Saúde espalhou 18.000 armadilhas no Estado, e determinou que os mais de 700 agentes da dengue visitem todas e relatem tudo o que acontece.

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FOCOS OFICIAIS
Em sua pestilenta multiplicação, o mosquito da dengue conta com importantes aliados: as “otoridades” da área da saúde. Na cidade do Rio (dos traficantes), carros doados pelo Ministério da Saúde, destinados justamente ao combate à dengue, continuam abandonados em um terreno baldio. Ironicamente, se transformaram em focos de proliferação do temido inseto, aquele, que parece ser do Egito.

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“MINISTRO INCOMPETENTE”
O Ministro da Saúde, José Carlos Temporão, mal desembarcou no Rio e já atacou as autoridades municipais, responsabilizando-as pela epidemia descontrolada de dengue. Disse que o município foi negligente, no quesito prevenção. Tem razão, o senhor ministro. Mas levou o troco. O prefeito César Maia contra-atacou: “O ministro foi demitido, da subsecretaria da Saúde do Rio, porque é incompetente. Foi no tempo dele que a dengue se alastrou”. Enquanto os titãs brigam, o povo... Em melhor situação está o polvo.

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ACORRENTADO 2, O FILME DA VIDA REAL

Delegada Andréia: enérgica contra o crime

Novamente, Palhoça é destaque na mídia nacional, por conseqüência de um problema crônico: a superlotação nos presídios. O que mais uma vez, forçou a delegada Andréia Pacheco a acorrentar o autor de uma tentativa de homicídio. A sociedade como um todo deu seu apoio à delegada. Afinal, mesmo tratando-se de um menor de 18 anos, ela não poderia soltar alguém que tenta matar outra pessoa. Seria o máximo do incentivo à impunidade. Em 2007, pelo mesmo motivo – Acorrentados, o filme da vida real –, o município ocupou espaços em jornais, na televisão e no rádio.


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LE MONDE EM PALHOÇA
A empresa concessionária Le Monde planeja investir um milhão de reais em Palhoça, na construção de um galpão de 8.000 metros quadrados, em um terreno de 30.000 metros quadrados, nas margens da BR101, próximo ao bairro Passa Vinte. A informação é do prefeito Ronério Heiderscheidt, comemorando a possibilidade da implantação de uma revenda da Citroen, no município.


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PROJETO DE LEI DO VEREADOR ALBERTO PRIM VAI BENEFICIAR PAIS E MÃES, EM PALHOÇA

Alberto Prim: “Objetivo é facilitar, ao máximo, o contato da mãe com o bebê”

Foto: Baby Espíndola





O vereador Alberto Prim (PSDB) está defendendo, na Câmara, o projeto de lei, de sua autoria, que aumenta de quatro para seis meses, a licença maternidade das servidoras públicas municipais de Palhoça, bem como, de cinco para 15 dias a licença paternidade.

Prim argumenta que esta campanha visa “facilitar o contato fundamental da mãe com seu bebê, por questões de saúde física e mental desse novo ser humano”, observando que os benefícios serão sentidos “não só na infância, mas também na idade adulta”.

O vereador cita que “a ampliação do tempo de permanência da mãe com a criança é preconizada pela OMS – Organização Mundial de Saúde, inclusive como forma de ampliar o vínculo afetivo entre ambos, colaborando para existência de adultos mais saudáveis emocionalmente. O projeto também contempla a mães que adotam crianças. Alberto Prim lembra, ainda, que mais de 200 cidades no País já sancionaram a lei com essa mudança.



segunda-feira, março 24, 2008

DEPUTADA ÂNGELA AMIN VAI PROPOR ISENÇÃO DE PEDÁGIO PARA CARROS LICENCIADOS NA CIDADE DE PALHOÇA

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Leia também:

DECISÃO DA ISENÇÃO DO PEDÁGIO EM

PALHOÇA ACONTECE NA SEXTA, DIA 28

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A deputada Ângela Amin (PP-SC), deverá encaminhar, nos próximos dias, à Mesa Diretora da Câmara Federal, um projeto de lei, propondo a isenção do pagamento de pedágio, para os veículos emplacados em Palhoça, no posto de cobrança, que deverá ser instalado no quilômetro 221 da BR-101, próximo à Polícia Rodoviária Federal.

A iniciativa da deputada catarinense agradou ao prefeito de Palhoça, Ronério Heiderscheidt (PMDB), que, no dia 10 de março, esteve em Brasília, na Agência Nacional de Transportes Terrestres, para tratar do assunto. Na ocasião, o prefeito, o deputado estadual Renato Hinnig (PMDB), vereadores e representantes de lideranças comunitárias e empresariais, reuniram-se com o diretor geral em exercício da ANTT, Noburo Ofugi, quando propuseram a mudança da praça de pedágio, do km 221 para o km 246 (que fora definido no projeto original), na divisa entre Palhoça e Paulo Lopes.

Noburo Ofugi (à direita) ouve, atentamente, as reivindicações do prefeito Ronério, de Palhoça, na ANTT, em Brasília

Foto: Baby Espíndola

Como a mudança, para o ponto original do projeto, ficou praticamente descartada, a comitiva palhocense, que também contou com representantes da senadora Ideli Salvatti (PT) e dos deputados federais João Pizollatti (PP) e Cláudio Vignatti (PT), passou a reivindicar, pelos meios legais, a isenção do pagamento, para os veículos licenciados no município.

O prefeito Ronério disse que “a iniciativa da deputada Ângela Amin demonstra a sua preocupação com a população de Palhoça”. E vai mais além, ao comentar que, “agora, há três alternativas viáveis para resolver essa situação. A primeira, é a ação administrativa, já deflagrada há quinze dias, envolvendo negociação com a ANTT e a empresa concessionária da praça de pedágio, a espanhola OHL. A segunda – avalia Ronério –, é se caso não houver acordo, partir para a esfera judicial. E surge essa terceira possibilidade, através da deputada Ângela Amin, com a provável legalização da isenção do tributo, para os carros com placas de Palhoça”, avalia. Outra possibilidade é a construção de um acesso exclusivo para os veículos emplacados no município.

Durante a audiência na ANTT, o vereador Nirdo Artur Luz (Pitanta, DEM) e o representante de trinta entidades representativas dos moradores do Massiambu, da CDL/Palhoça e do Sindicargas, empresário Júlio César Hess, entregaram, ao diretor geral da ANTT, Noboru Ofugi, documentos justamente propondo a manutenção do projeto inicial, ou seja, a praça de pedágio no quilômetro 246.

OBSTÁCULO CONTRATUAL

Noburo Ofugi considerou justa a proposição apresentada pelo prefeito Ronério e pelo presidente da Câmara (a transferência da praça de pedágio, do km 221 para o 246, seguindo o projeto inicial), mas alertou para a existência de um obstáculo de difícil solução: o trecho da duplicação, sob a responsabilidade da concessionária espanhola OHL / Auto Pista Litoral Sul, termina justamente no quilômetro 221, no Rio Cubatão. Isso permite uma outra interpretação: mudar a praça de pedágio para o km 246, forçaria a ANTT a cancelar uma e realizar outra licitação, o que, no momento, é juridicamente inviável.

Segundo o vereador Pitanta, “a reunião foi muito produtiva. Justamente porque, além da proposta de isentar os veículos emplacados em Palhoça, da cobrança de pedágio, existe uma segunda alternativa: a construção de um acesso exclusivo para os carros de Palhoça”, revelou o presidente da Câmara, ao final da reunião na ANTT.

Além do prefeito Ronério e do presidente da Câmara, Nirdo Luz, também participaram da audiência mais oito vereadores (Otávio Martins Filho, João Carlos Amândio (Bala), Manoel Scheimann da Silva, Maurício Roque da Silva, Adelino Machado (Keka), Cláudio Ari Leonel (Biriba), Ademir Farias, e Isnardo Brant), além do secretário municipal de Agricultura e Pesca de Palhoça, Edenir Niehues.. O deputado federal Edinho Bez (PMDB) telefonou ao diretor geral da ANTT, no momento da audiência, manifestando solidariedade à reivindicação palhocense. O deputado federal, Djalma Berger, que marcou a audiência na ANTT, apóia a “iniciativa das autoridades de Palhoça, em busca da melhor solução, na questão do pedágio”.

Em Palhoça, as lideranças que formam a Comissão Contra o Pedágio continuam mobilizadas, realizando reuniões semanais, e aguardando um posição da ANTT. Se não houver uma decisão satisfatória, vereadores e lideranças vão “radicalizar, que, em muitos casos, é a maneira que o povo encontra para ser respeitado”, conforme argumenta o vereador João Carlos Amândio (Bala, PMDB), líder do governo na Câmara.

Baby Espíndola

(Também com informações da Assessoria de Comunicação da Prefeitura de Palhoça)


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DECISÃO DA ISENÇÃO DO PEDÁGIO EM

PALHOÇA ACONTECE NA SEXTA, DIA 28

Confirmada para sexta, dia 28, às 11hs, no gabinete do prefeito de Palhoça, Ronério Heiderscheidt, a audiência com representantes da ANTT e da empresa concessionária da BR-101, a espanhola OHL. Em pauta, a definição da melhor alternativa, para isentar os veículos com placas de Palhoça, da tarifa de pedágio, que vai ser cobrada, a partir de agosto, na rodovia federal. Duas propostas foram apresentadas para não onerar a população de Palhoça. A primeira seria isentar a taxa de pedágio para os veículos com placas de Palhoça. Outra possibilidade é a construção de um acesso exclusivo para os veículos emplacados no município.

Estarão presentes na audiência o superintendente de exploração de infra-estrutura da ANTT, Amarildo Floriani e o diretor superintendente da OHL em Santa Catarina , Márcio Protta. Antes da audiência, às 10hs será realizada uma vistoria no local onde está prevista a instalação da praça de pedágio, no KM 221, próximo ao posto da Policia Rodoviária Federal.

Fonte: Assessoria de Comunicação da Prefeitura de Palhoça

ESTUDANTE DE DIREITO DO RS DENUNCIA A "INCONSTITUCIONALIDADE DOS PEDÁGIOS”

“A Inconstitucionalidade dos Pedágios”, desenvolvido pela aluna do 9º semestre de Direito, da Universidade Católica de Pelotas (UCPel), Rio Grande do Sul, Márcia dos Santos Silva, chocou, impressionou e orientou os presentes. A estudante, que apresentou o trabalho de conclusão de curso em novembro de 2007, deve formar-se em agosto de 2008. Ela não sabe ainda que área do Direito pretende seguir, mas garante que vai continuar trabalhando e defendendo a causa dos pedágios.

A jovem, de 22 anos, apresentou o 'Direito fundamental de ir e vir' nas estradas do Brasil. Ela, que mora em Pelotas, conta que, para vir a Rio Grande apresentar seu trabalho no congresso, não pagou pedágio e, na volta, faria o mesmo. Causando surpresa nos participantes, ela fundamentou seus atos durante a apresentação.

Márcia invoca a Constituição Federal de 1988, título II, dos 'Direitos e Garantias Fundamentais', onde o artigo 5º. Garante que Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade”. E no inciso XV do mesmo artigo, consta que “É livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens".

A jovem estudante lembra que “o direito de ir e vir é cláusula pétrea na Constituição Federal, o que significa dizer que não é possível violar esse direito”. Cita, ainda, que todos os brasileiros têm livre acesso em todo o território nacional.

O que também quer dizer que o pedágio vai contra a constituição. Segundo a estudante, “as estradas não são vendáveis”. E o que acontece é que concessionárias de pedágios realizam contratos com os governos estaduais e federal, com o propósito de investir no melhoramento das rodovias, e cobram o pedágio para ressarcir os gastos.

Ela considera essa medida um absurdo, porque no valor da gasolina é incluído o imposto de Contribuição de Intervenção de Domínio Econômico (Cide), e parte dele é destinado às obras de melhoria e conservação de estradas. “No momento que abasteço meu carro – disse – já estou pagando o pedágio. Não é necessário eu pagar novamente. Só quero exercer meu direito. A estrada é um bem público e não é justo eu pagar por um bem que já é meu também”, enfatiza.

A estudante explicou maneiras e mostrou um vídeo que ensinava a passar nos pedágio sem precisar pagar. “Ou você pode passar atrás de algum carro que tenha parado. Ou então passa direto. A cancela, que barra os carros é de plástico, não quebra, e quando o carro passa por ali ela abre”, afirmou, para surpresa de muitos estudantes. “Não tem perigo algum e não arranha o carro”, afirmou a estudante gaúcha, que garantiu que “fura” o pedágio sempre que viaja.

Após a apresentação, questionamentos não faltaram. Quem assistia ficava curioso em saber se o ato não estaria infringindo alguma lei, se poderia gerar multa, ou ainda se quem fizesse isso não estaria destruindo o patrimônio alheio. As respostas foram claras. Segundo Márcia, “juridicamente não há lei que permita a utilização de pedágios em estradas brasileiras”. Quanto a ser um patrimônio alheio, o fato, explica ela, é que “o pedágio e a cancela estão no meio do caminho, onde os carros precisam passar e, até então, eu nunca vi cancelas ou pedágios ficarem danificados”.

A estudante revelou que uma vez foi parada pela Polícia Rodoviária, e um guarda disse que iria acompanhá-la para que pagasse o pedágio. “Eu perguntei ao policial se ele prestava algum serviço para a concessionária ou ao Estado”, ponderou. “Afinal, um policial rodoviário trabalha para o Estado ou para o governo Federal e deve cuidar da segurança nas estradas. Já a empresa de pedágios, é privada, ou seja, não tem nada a ver uma coisa com a outra”, questionou.

(Fonte: Jornal Agora. Reprodução: site Multas de Trânsito.Net)


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BABY ESPÍNDOLA REPÓRTER

Comenta

Não pretendemos incentivar a desobediência legal – se é que trata-se de desobediência legal, já que a matéria, publicada no Jornal Agora, levanta a tese da “inconstitucionalidade da cobrança de pedágio”. De qualquer forma, simplesmente “furar” o posto de pedágio, passando na “sombra” de outro veículo, ou avançando sobre a cancela, parece meio estranho.

Preferimos, ainda, a escolha dos caminhos jurídicos – apostando na tese da estudante, que argumenta sobre “a inconstitucionalidade dos pedágios”, para tentar derrubar essas barreiras, que dificultam o “o direito de ir e vir, que é cláusula pétrea na Constituição Federal, o que significa dizer que não é possível violar esse direito”.

Além do mais, conforma arrazoou a estudante Márcia dos Santos Silva, de 22 anos, em seu trabalho de conclusão de curso, na Universidade Católica de Pelotas, Rio Grande do Sul, os brasileiros já pagam preços exorbitantes pelos combustíveis, além de uma carga tributária capaz de provocar corrida de obstáculos de tartaruga. Não podendo, nos esquecer, da tal Cide, que é a Contribuição de Intervenção de Domínio Econômico, que, pelo menos em tese, deveria ser destinada às obras de melhoria e conservação de estradas. O que não vem ocorrendo. Esse imposto, como tantos outros, é desviado para outras finalidades, inclusive para pagamento da dívida externa.

Se o governo reduzisse a cobrança de impostos, através de uma reforma tributária, que nunca sai da boa intenção do discurso, os brasileiros, com certeza, concordariam com o pagamento de pedágio. Agora, pagar duas vezes pelo mesmo serviço, jamais poderemos aceitar isso, passivamente.

(Baby Espíndola)


domingo, março 23, 2008

QUEM É O HOMEM DA BENGALA AZUL

Este homem é um advogado mal-sucedido, como dizem alguns? Ou uma sombra que vagueia pela escuridão dos becos da pobreza? Ajude, responda, comente.

Afinal, quem é o ¨Homen da bengala azul”? É um advogado, que virou mendigo? A curiosidade extremada, motivada por razões humanitárias, está cobrando uma resposta.

Já passa das 2 horas do domingo de Páscoa, 23 de março. Acabo de chegar da rua, a procura do “Homem da bengala azul”. E nada. Foi a terceira tentativa, desde o começo da noite de sábado – noite de trovoada, inclusive com um breve apagão. Quero saber se um advogado virou andarilho, mendigo, e anda sem rumo pelas ruas.

Resolvi procurá-lo, à noite, por acreditar que deve ser um ritual, para um mendigo, para um andarilho, para alguém que perdeu o rumo de casa, que em nenhum lugar é esperado, vagar pelas ruas, como uma sombra sem nome. À noite, ele certamente se sente um líder entre os excluídos, um senhor muito estimado pelos cães vadios, que caçam cadelas em cio.

À noite, uma outra vida surge, logo que o sol adormece atrás dos morros, tão cheio de dentes quanto um serrote enferrujado pelos anos. Insetos voam em círculos em redor de lâmpadas, e despencam tontos, e alimentam corujas.

Aqueles que dormiram durante o dia, surgem à noite, para suas aventuras, algumas indescritíveis. É à noite, que a maioria dos crimes é cometida. Toda uma agitação toma conta dos centros urbanos, bairros, subúrbios. Na busca inútil, passei por pontos de droga, muitos botecos que reúnem homens para beber e jogar; também encontrei muitas prostitutas pobres, meninas que se vendem por dez reais ou até por menos, para alimentar os vícios das drogas ilícitas.

Apesar da chuva, procurei o “Homem da bengala azul”. Quero saber quem ele é. Afinal, quem é o misterioso homem da foto? Por e-mail, por telefone, ou mesmo pessoalmente, colaboradores estão passando várias informações, ainda não confirmadas. Uns dizem que ele se chama Adilson, outros, que seu pré-nome é Maurício. Que é malcriado e agressivo com as pessoas, mesmo quando elas tentam ajudá-lo, com algum tipo de alimentação, para suprir suas mínimas necessidades de sobrevivência. O que pode ser compreendido, como uma reação de quem não nasceu para a subserviência da mendicância.

Esse homem, mesmo tombado pelo pesado fardo da embriagues, conserva um olhar, digamos, estranho, para não dizer altivo – se comporta com um rei das ruas, um andarilho que, por onde passa, é notado.

É justo, viver dessa forma, dispondo apenas de uma bengala improvisada, um boné e contando com uma garrafa de cachaça, ópio dos miseráveis. E onde se encaixa o discurso do "pai dos pobres"?

Mas, desde o momento em que foi fotografado, sumiu. Esse flagrante fotográfico foi realizado, na noite de quarta-feira, 19, quando ele “descansava”, recostado ao muro da 5ª. Cia do 4º. BPM, no bairro Coloninha / Vila São João, região continental de Florianópolis.

Com quem falo, quem envia e-email, quem telefona, todos já viram o “Homem da bengala azul”. Mas ninguém o conhece. Ele aparece e desaparece, dizem. E isso não acontece num passe de mágica. Estamos falando de um aparecer e de um desaparecer lentos. Afinal, ele não anda, se arrasta.

Vários são os informantes que asseguram que o “Homem da bengala azul” é um advogado, afastado da profissão. Que teria estudado Direito, já com a idade avançada, enquanto trabalhava de porteiro, em um edifício no Centro de Florianópolis. Que se formou, chegou a exercer a profissão, que abandonou, não se sabe por quê motivo. Outra versão, também não confirmada, aposta que ele é filho de um jogador de futebol muito bem sucedido.

Realidade, ou fantasia, verdade é que muitos mendigos, alcoólatras e andarilhos já tiveram vidas muitíssimo diferentes, das que ora enfrentam.

Há cerca de cinco anos, conheci um andarilho, no Posto Tijuquinhas, na BR-101 Norte, entre Biguaçu e Governador Celso Ramos, que demonstrava conhecimentos filosóficos surpreendentes. Anos antes, fora professor universitário, justamente na área da Filosofia.

Há bem mais tempo, encontrei um gráfico, de oficina de jornal diário, dormindo sobre um banco da Praça XV, em Florianópolis, coberto com jornais. Era uma noite fria, e ele chorou de vergonha, quando o chamei pelo nome. Trabalhamos, durante anos, na mesma empresa, eu, na redação, ele nas oficinas, imprimindo jornais, cujas folhas, por ironia, naquela noite, lhe serviam de cobertor. Depois de uma separação tumultuada, em que um juiz determinou sua saída de casa, perdeu também o emprego, pois, transtornado, tornara-se relapso e descuidado no trabalho.

Muitos são os relatos. E, se alguém conhece algum caso semelhante, escreva, que publicaremos nesse espaço.

A julgar pelas histórias que conheço, de homens bem sucedidos, que caíram em desgraça, as coisas acontecem mais ou menos assim:

Tudo pode começar com o álcool ou as drogas, ou as duas desgraças. O jogo, baralho, bingo, que de início parece tão inofensivo, também pode contribuir para o descarrilamento de uma vida. Tudo isso pode interferir no casamento, na família. Ou, a desgraça pode percorrer caminho inverso: Um rompimento com a família, pode deixar o indivíduo desatinado, levando-o a apelar para o álcool, drogas, vida noturna desregrada, jogatina, pode procurar a companhia de prostitutas em bordéis e botecos, mulheres que sabem muito bem como tirar as últimas moedas de um infeliz.

Sem pretender arrazoar um tratado de sociologia ou me enveredar pelos becos da psicologia, posso arriscar, ainda, afirmar que até um desajuste político-social com o meio, com a sociedade, pode conduzir um homem para uma situação delicada. Nunca ouviram a expressão “que homem esquisito!”, para qualificar alguém menos extrovertido, mais introspectivo, que não se adapta a padrões pré-determinados, conceitos e tantas outras normas impostas.

Estou tratando dos “homems”, como figura masculina, porque, invariavelmente, são eles que compõem os batalhões de mendigos e andarilhos. As mulheres, quando atingidas pela miséria extrema, recorrerem a outros meios, principalmente à prostituição.

Adilson ou Maurício, o homem da fotografia anda pelas ruas da região continental de Florianópolis, se apoiando em uma bengala azul, abastecendo o que resta dos músculos com álcool, como bem se pode ver na foto, que retrata uma garrafa de cachaça, ao seu lado.

Qualquer informação, por favor, escreva, sem demora, para babyespindola@yahoo.com.br. Esse tal de Adilson ou Maurício, é mesmo um advogado? E se você conhece outro caso parecido, de um homem, ou de uma mulher, ou de uma criança, em situação delicada, degradante, mande seu recado, denuncie. Se for da sua vontade, manteremos sua identidade no mais absoluto sigilo.

Existem autoridades constituídas para cuidar dessas pessoas, as ditas "otoridades", que são negligentes, que não cumprem suas funções. Vamos exigir que façam algo em benefício desses miseráveis, que vagam e vivem pelas ruas.

Manifeste sua opinião. Afinal, são centenas de milhares de pessoas nessa situação. Você pode se manifestar. Basta clicar na sessão "comentário", ou enviar e-mail. Abandone o deplorável batahão da omissão.

(Baby Espíndola)


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COMENTÁRIOS


O pai dos pobres está discursando Brasilzão afora, só pensando num terceiro mandato, preocupado com o poder, em não deixar que a oposição assuma o comando e investigue as contas estranhas, como essas do cartão corporativo. Nesse país, ninguém está preocupado com os pobres, como esse da foto.
Maria Clara, por e-mail.

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Se esse homem é mesmo um advogado, pelo esforço, pelos cinco ou mais anos de estudo, não pode continuar nas ruas. Tome a dianteira, Baby Espíndola, e investigue a fundo. Você é capaz disso, pelo que eu conheço do teu trabalho, você vai conseguir.
Ana Cláudia, por e-mail.

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É revoltante saber que uma pessoa vive dessa forma. Será que não tem família, um parente sequer. Seja ou não um advogado, é muito cruel. Ainda bem que você está de volta, nesse ramo do jornalismo investigativo, sr. Espíndola.
João Paulo, por e-mail.

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Mais importante do que procurar o homem da bengala, é acabar com a cachorrada de rua. Não dá de dormir. Quem mora em Capoeiras, Coloninha, Vila São João, Jardim Atlântico, nessa toda região, sofre muito de noite. Além da cachorrada de rua, cada casa parece que tem uma creche de cachorro. Que falta de respeito. Tem vizinho que vai viajar, vai curtir a praia e deixa a cachorrada no cercado, incomodando a gente.

Cleusa Souza, por e-mail

DA REDAÇÃO:

Colaboradora Cleusa Souza: São dois assuntos específicos, que merecem atenção diferente. Concordamos: os cachorros nas ruas e atrás dos muros, latindo e uivando, de fato, incomodam muito. O blog Baby Espíndola Repórter vai tratar desse assunto, muito em breve.

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Não acredito que esse homem seja um advogado. Se fosse, a OAB já tinha tomado uma atitude, pra tira ele da rua.

Elpídio Farias, por-email

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O alcoolismo é um problema sério. Acaba com uma família. E cada dia tem mais marca de cerveja na tv, com mulher peituda pra atrair os bobos.

“Mãe de um alcoólatra”, por e-mail

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Parabéns pela sensibilidade. Você faz a gente acordar, porque parece que ta todo mundo anestesiado. Temos que nos revoltar com essas coisas e cobra dos governos. Fabiano, por e-mail


quarta-feira, março 19, 2008

O RETRATO DE UMA PÁSCOA ADULTERADA, NO TRÁGICO ENREDO DA MISÉRIA

Os versos de desabafo, encontrados no poema, postado abaixo, foram escritos com base no relato de um homem anônimo, numa época em que ele passava por sérias dificuldades, num momento em que ele, mesmo sendo um privilegiado no quesito saúde, enfrentava sérios problemas.


Fui buscar esse poema – Cristo dos Desamparados –, forçado pelo sofrimento que envolve a muitos. Mas, principalmente, pela menina Maria Vitória, aquela que há dois anos vinha sendo humilhada, torturada, por uma empresária.

Abro, aqui, espaço para lembrar que a empresária Sílvia Lima já foi investigada, no estado de Goiás, pelo mesmo motivo: tortura de uma outra garota, hoje com onze anos, que aparecia na escola cheia de cicatrizes. Na ocasião, o caso foi arquivado. As “otoridades” do Judiciário de Goiânia estenderam o manto da impunidade sobre os ombros da torturadora. É sempre assim, a senhora cega costuma proteger criminosos, principalmente alguém que já construiu casas para uma elite. A justiça, com “j” minúsculo, é literalmente cega. Se, na ocasião, as “otoridades” tivessem punido a torturadora, pelo caso anterior, ela não teria repetido a barbárie com a menina Maria Vitória.

Os versos, editados a seguir, têm por objetivo amenizar o sofrimento dos enfermos do corpo e da alma; estimular a prática da justiça e eliminar o império da impunidade; punir os criminosos, os torturadores, estupradores, violentadores e curar as chagas das vítimas. Os versos, despretensiosos, tentam oferecer uma mão amiga aos injustiçados, num momento em que até a histórica data da Páscoa, também transformada em festa de consumo e ostentação, segrega os “bem aventurados, os humildes de coração”, traindo a doutrina de Cristo.

Com certeza, se Jesus, hoje, voltasse à terra, em forma de homem, novamente destruiria o templo dos vendilhões, dos chacais e carniceiros, dos corruptos e enganadores. Não ficaria pedra sobre pedra no templo da orgia e da corrupção. E o Senhor, se me escuta agora, tenha certeza, poderia contar com o meu apoio incondicional. Políticos desonestos, profanadores da verdadeira fé, falsos profetas ungidos com sangue de serpente, aqueles que usam as palavras de Jesus, como escudo para suas trapaças, seriam escorraçados e punidos com o fogo dos anjos vindos do céu. Não ficaria pedra sobre pedra.

A foto, que acompanha este texto, bem retrata a desigualdade social, que, até agora, só teve fim no discurso de alguns políticos. Trata-se de um homem, abandonado pelo poder público e esquecido pela família, que perdeu o rumo de casa, de um lar que, certamente, para ele, nem existe mais. Seus utensílios de vida: um cabo de vassoura improvisado em bengala, um boné surrado, onde, de vez em quando, pinga uma moeda, e uma garrafa de cachaça barata. Onde o senhor mora? “Aqui, onde agora você me achou”, respondeu, num linguajar catarroso, difícil de compreender. Para ele, conforme cita o poema, a tosse é o tambor da morte.

O homem da foto é o retrato de uma Páscoa adulterada. Como tantos outros, ele respira, mas não vive. Não mais anda, se arrasta. Não dorme, adormece. Não sofre, padece. Apenas dá sua contribuição para uma estatística lastimável, no enredo da miséria. No seu rastro de desgraça, deixou para trás vendilhões que, talvez, tenham enriquecido vendendo a ilusão do álcool.

Como não encontro significado nessas festas materializadas, quando a mídia vende até prego para quem precisa de parafuso, quando o cordeiro é imolado apenas para que os carrascos lambam seu sangue, fui buscar o poema da gaveta informatizada e, repentinamente, esbarrei no cenário da foto, no bairro Monte Cristo, região continental de Florianópolis, a poucos metros de um quartel da Polícia Militar. Na verdade, o senhor da foto, a síntese do sofrimento e da decadência humana, estava encostado ao muro da PM.

Como tantas pessoas, não me emociono com a Páscoa, da forma como a festividade acontece, com farra-de-boi, “surrasco” no sábado, cachaçada, assassinatos, tragédias no trânsito. Até sofro em saber que um frágil coelhinho terá que botar ovos enormes, para saciar a gula de alguns. Pobre bichinho! No domingo, coitado, estará todo arrebentado por dentro. Aliás, tem coelhinho agarrando o mato, sempre que alguém fala em ovo de Páscoa. Dizem até, que alguns coelhos mais espertos, amigos de políticos, marcaram cesariana para evitar a dor do parto do ovo.

Busquemos, então, nessa Páscoa, o caminho do entendimento e da compreensão, do perdão, da tolerância, evitando a vaidade e a soberba, tentando a paz em sua essência, fugindo das drogas lícitas e ilícitas.

Inclusive porque, qualquer um de nós poderá ser o homem da foto, amanhã. E o amanhã pode ser hoje.

(Baby Espíndola)

CRISTO DOS DESAMPARADOS

Oh, Cristo dos desamparados e dos aflitos,

quero te revelar

na condição de filho em espírito

- aquilo que bem sabes -,

que estão a me perseguir.

Usam de todos os argumentos

para me derrubar moralmente,

e aguardam a minha queda

como a cobra ultra-venenosa

que corre do local da picada,

porque a vítima poderá tombar

sobre seu corpo esguio e peçonhento.

Usam até manobras judiciais,

com argumentos mesquinhos e torpes.

Massacram os meus passos

e eu não tenho a quem recorrer,

ninguém para lavar os meus pés cansados.

Cospem no meu rosto

e jamais alguém oferecerá os cabelos

para enxugar a humilhação,

nem irá orar pelo meu padecimento.

Colocam aos meus ombros exaustos

a cruz da vida,

e me deixam quase sem saída.

Preciso encontrar, imediatamente,

a Tua porta, Cristo dos desamparados!

Jogam sal nas minhas feridas

e riem do meu pranto.

Tenho sede,

sede de compreensão e de amor

e ninguém me oferece

a água que alivia a dor.

Amotinados, me atacam pelas costas,

com gestos covardes.

Dilaceram os alicerces materiais

que me sustentam

e tentam denegrir minhas convicções,

que confesso, já não são muitas,

pois que minhas reservas estão se esgotando.

Perseguido, humilhado,

bem sei, cometo erros graves,

erros do desespero,

que somente Tu, Cristo dos desamparados,

poderás entender e perdoar.

Poucos são os instantes de total lucidez,

como agora o faço,

para desabafar ao papel,

esse monólogo da flagelação.

Infelizmente, não me compreendem,

nem mesmo quando faço o sacrifício da solidão,

isolamento necessário à introspecção.

Os que me perseguem

não conseguem nem mesmo explicar seus motivos,

o que me faz acreditar,

como agora me ocorre

(nessa fria madrugada de julho,

quando o tambor da tosse

marca a cadência da doença, da aflição

e da destruição da carne)

que, mais uma vez,

eles não sabem o que fazem.

Por isso,

através da Tua Santa Sabedoria,

tento chegar aO Pai,

para implorar,

que os perdoe,

pois não ultrapassaram ainda

a desprezível condição de sanguinários carrascos,

que precisam milenarmente

crucificar cristos anônimos,

filhos do povo,

Teus irmãos em espírito,

filhos do Mesmo Pai

que por milagre Te gerou.

Filhos,

todos eles diferentes destas bestas sem juízo,

loucas, enraivecidas, ensandecidas,

muito bem produzidas, bem maquiadas,

que se escondem sob os mantos de cordeiros.

(Baby Espíndola - Madrugada de 09/07/97)