quarta-feira, março 05, 2008

TRÊS PERGUNTAS, PARA FERNANDO ELIAS, EM SUA VOLTA TRIUNFAL À PREFEITURA

Só três perguntas. Nada mais. Mas que as respostas fossem objetivas e sinceras. O que não aconteceu.

Primeira pergunta: – Prefeito, sua assessoria informou, no final da tarde de terça-feira, que o senhor retornaria, no dia seguinte, de uma “viagem de trabalho”. O sr. pode detalhar a agenda dessa viagem? Para onde o sr. viajou, com que propósito?

Fernando Elias Por questões de segurança, nesse momento, a agenda não é pública.

Essa foi a primeira resposta. Diante da insistência do jornalista, para que desse detalhes da tal “viagem de trabalho”, o que ela significou para o município, já que o prefeito sumiu da prefeitura durante dois dias, Fernando Elias, saiu com essa.

Fernando Elias – Eu estava por aqui mesmo, no município. Só que não sou obrigado a ficar no meu gabinete.

Então, não houve a mencionada viagem de trabalho. Por dedução, pode-se afirmar que o prefeito simplesmente se escondeu, para não ser encontrado pelos vereadores, que tinham a missão de citá-lo, sobre seu afastamento da Prefeitura, aprovado pelo plenário da Câmara, no último dia 29. Suspensão cassada pela liminar da justiça.

Segunda pergunta: – Prefeito, o sr. foi o relator da CPI que, em 1994, cassou o mandato do então prefeito Germano Vieira?

Primeira resposta: Algumas pessoas fizeram de tudo para cassar o Germano Vieira.

O repórter insiste: – O sr. não respondeu a pergunta. O sr. foi ou não foi o relator da CPI, que resultou no impeachment de Germano Vieira?

Segunda resposta: Eu gosto muito do seu Germano, me dou muito bem com ele. Inclusive ele não sai do meu gabinete.

O jornalista não desiste: – Sr. prefeito, o senhor cassou ou não cassou o ex-prefeito Germano Vieira?

Terceira resposta, em forma de desabafo: – Esse foi o maior erro da minha vida pública. Me arrependo intensamente de ter participado daquilo. Os beneficiários (da cassação de Germano Vieira) são os Berger. O Orvino (Coelho de Ávila) era o presidente da Câmara. Os maiores articuladores da cassação do Germano Vieira foram o Édio (Vieira, hoje presidente), o “Juquinha”, ex- vereador, e o Dário Berger, prefeito de Florianópolis. Eu era muito inexperiente. Era o meu primeiro mandato de vereador. Eles me iludiram. Aplicaram um golpe naquela oportunidade e agora estão tentando aplicar de novo.

Terceira pergunta: – Senhor prefeito, na segunda-feira, a Guarda Municipal tentou impedir o acesso dos vereadores Osni Meurer e João Rogério de Farias, que o procuravam para citá-lo, a respeito do afastamento. Os guardas também barraram a passagem da imprensa, na recepção da Prefeitura. O sr. deu essa ordem à Guarda Municipal?

Sem resposta. Alguns aliados, percebendo que o prefeito estava numa situação de desvantagem, diante das perguntas do repórter, improvisaram um arrastão, do tipo torcida da geral, e carregaram Fernando Elias, literalmente, atropelando tudo e todos.

Será que, nesse episódio, se pode aplicar aquela regrinha que ensina: “Quem cala consente”. Se é possível, então a resposta é sim. É bom lembrar que, na manhã da confusão, no acesso à Prefeitura de São José, uma funcionária, muito exaltada, gritava: “Ninguém pode subir. São ordens lá de cima”. Quem deu essa ordem? Silencio...

A festa de recepção à triunfal volta de Fernando Elias à Prefeitura de São José, depois de ser considerado afastado por algumas horas, foi organizada, em sua essência, por secretários, funcionários efetivos, detentores de cargos comissionados.

Fernando Elias foi carregado nos ombros de funcionários ultra dedicados. Regressou à Prefeitura, como um guerreiro que enfrentou uma sangrenta batalha e conseguiu salvar a pele.

Elias, na verdade, salvou o mandado. Por enquanto. A Câmara recorreu da decisão judicial, que concedeu a liminar que suspendeu o afastamento do prefeito. E os trabalhos da Comissão Processante do Lixo vão continuar. A Comissão investiga supostas irregularidades no contrato entre a empresa Engepasa, que era responsável pela coleta e destinação final de resíduos sólidos. Uma longa caminhada jurídica está pela frente.

Todos na festa do retorno do prefeito. A Guarda Municipal compareceu em peso. Não se via um único uniforme azul em outro ponto da cidade, mesmo onde o trânsito confuso do meio-dia de quarta-feira, exigia a presença da Guarda Municipal. Prioridade absoluta para a festa do chefe. Possivelmente, todas as viaturas da GM estavam em volta do prédio da Prefeitura. Até algumas vagas, tão disputadas pelos motoristas, foram reservadas às viaturas da Guarda Municipal.

Segurança total no pátio da Prefeitura. Já no resto da cidade, se não fosse o esforço dos policiais do 7º. BPM, os bandidos já teriam dominado São José. O santo é de barro, não reage mesmo.

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Promotora representa contra

prefeito no Tribunal de Justiça

O vereador Osni Meurer (PP) afirmou que a promotora de Justiça, Glades Afonso, do Ministério Público em São José, fez uma representação contra o prefeito Fernando Melquíades Elias (PSDB), no Tribunal de Justiça, por “promoção pessoal”, porque veiculou um documentário sobre a cidade no qual o prefeito era o próprio apresentador.

A promotora acionou o prefeito, porque ele teria infringido o artigo 1º, inciso 2º, do decreto lei 201, que veda a promoção pessoal dos agentes públicos.

Segundo Meurer, se a denúncia for recebida pelo TJ, o prefeito também ficará afastado pelo prazo de 180 dias, assim que for citado. O vereador sugeriu que a Mesa Diretora da Câmara designe um advogado da assessoria jurídica do Legislativo, para acompanhar o processo no Tribunal de Justiça.

Fonte: Assessoria de Imprensa da Câmara