sexta-feira, janeiro 02, 2009

VICE ASSUME PREFEITURA DE PALHOÇA. NAZARENO É O PRESIDENTE DA CÂMARA

A Câmara de Vereadores de Palhoça realizou duas sessões, na noite de primeiro de janeiro. Na Sessão Solene, marcada para as 20 horas, mas que começou com cerca de uma hora de atraso, foram empossados o prefeito reeleito, Ronério Heiderscheidt (PMDB), o vice-prefeito, Valmir Walmor Schwindem (DEM), e onze vereadores, dos quais sete foram reeleitos. Na sequência, outra sessão foi convocada, às 23h25min, para a eleição da Mesa Diretora, para o biênio 2009 / 2010.

Ronério disse que seu segundo mandato será “marcado pelo continuísmo, mas com algumas alterações, visando sempre o empreendedorismo”. Lembrou que, em sua administração, mais de 2.400 empresas se instalaram em Palhoça, o que elevou a receita, de 46 milhões de reais, para cerca de 200 milhões de reais.

Logo após ser empossado, para o segundo mandato, Ronério Heiderscheidt transmitiu o cargo ao vice-prefeito, Valmir Walmor Schwindem, o empresário "Valmir das Tintas, um fato inédito no município. Ronério é o primeiro prefeito reeleito em Palhoça.




O vice tenta sentir o peso da caneta, que recebeu de Ronério, para descobrir se tem tinta. Esse assunto, "Valmir das Tintas" conhece muito bem


Foto: Heverton Alessandro / Primeira Folha


A Sessão Solene, ou solenidade de posse, foi presidida pelo vereador mais velho, dentre os onze: Nazareno Martins.

UMA DISPUTA ACIRRADA, NA MADRUGADA

A disputa pela direção do Poder Legislativo de Palhoça foi bastante acirrada. Depois de um intenso debate de opiniões divergentes e duas interrupções, foi finalmente conclamado o resultado, já na madrugada de 2 de janeiro. Nazareno Martins (DEM) é o novo presidente da Câmara, para o biênio 2009 /2010.

Duas chapas – a “Chapa 1”, encabeçada pelo vereador Nazareno Martins (DEM) e a “Chapa 2”, tendo à frente o vereador Otávio Martins Filho (PMDB) – disputaram os onze votos, sob os olhos atentos de pelo menos duas centenas de munícipes, que permaneceram no plenário da Câmara, mesmo após o final da Sessão Solene. Ao final do processo de votação, que contou com discursos inflamados e até acusações, a Chapa 1 venceu por seis votos a cinco.

Embora a votação tenha sido secreta, sabe-se que, optaram pela Chapa 1, além dos membros da Mesa – o próprio Nazareno, Nirdo Artur Luz (Pitanta, DEM, vice-presidente), Isnardo Brant (PMDB, primeiro secretário), e Adelino Machado (Keka, PMDB, segundo secretário) – Cláudio Ari Leonel (Biriba, PSDB) e Ademir Farias (DEM).

Na Chapa 2 estavam, além de Otávio Martins Filho, os vereadores André Machado (PSDB), Nilson João Espíndola (PR), Arcendino José Cerino (Zunga – PR), e Leonel José Pereira (PDT). Eles somaram cinco votos. O sexto voto, do chamado G-6, do vereador Pitanta, migrou para a Chapa 1.




Tavinho (votando) e o G-6, que, sem Pitanta, se transformou em G-5


Fotos: Heverton Alessandro / Primeira Folha










A decisão do vereador Pitanta foi muito criticada, primeiro pelo colega Tavinho e, ao final da sessão, pelo novato Leonel José Pereira. Ambos qualificaram a decisão do veterano Pitanta como “uma traição, porque ele não honrou um documento que assinou”. Pitanta rebateu as críticas, argumentando que, por um período, emprestou apoio ao G-6, porque “não votaria no candidato do prefeito (Ronério), o vereador (Isnardo) Brant. Mas, depois, surgiu um fato novo. Eu não poderia votar contra o Nazareno, por vários motivos”, explicou. “Nossas esposas são primas-irmãs e o Nazareno abriu mão de uma candidatura a vice-prefeito, em meu favor. Isso gerou um compromisso”, afirmou. Detalhe: a candidatura de Pitanta não se consolidou. O vice de Ronério é o empresário Valmir.





Pitanta, na tribuna: "Eu não poderia votar contra o meu partido"



Foto: Heverton Alessandro / Primeira Folha


Porém, lembrou Pitanta, o fator decisivo foi a “posição do Diretório Municipal do DEM, que fechou questão em torno da candidatura do Nazareno. Eu não poderia votar contra o meu partido. É bom lembrar que os outros dois vereadores do PMDB não votaram no colega Tavinho, do mesmo partido”, ironizou.

“UM GRUPO INDEPENDENTE”

O G-6, agora esfacelado pela migração do vereador Pitanta para a Chapa 1, se autodenominava “um grupo independente”, mas não de oposição. Seus membros, quatro novatos e dois veteranos, queriam “mais autonomia”, em relação ao Executivo, e pretendiam eleger o presidente da Câmara de Palhoça. Porém, quando tudo parecia decidido, ocorreu aquilo que já era previsto. Uma reação do grupo ligado ao prefeito Ronério Heiderscheidt (PMDB).

De fato, seria difícil não acreditar numa reação. Afinal, os onze vereadores, eleitos e reeleitos, são filiados aos partidos da base de sustentação, ou seja, formam o grupo que elevou Ronério ao status de primeiro prefeito reeleito de Palhoça.

A mobilização que, ao que tudo indica, sepultou as ousadas pretensões do G-6, tornou-se realidade, na sexta-feira, 26 de dezembro. Ao final de um demorado encontro, o Diretório do Democratas fechou questão em torno do nome do vereador Nazareno Martins (DEM), como candidato de consenso, na sucessão de Nirdo Artur Luz (Pitanta, DEM). Na mesma reunião, ficou bem claro: os três vereadores do DEM, inclusive Pitanta, que ameaçava com uma rebeldia, deveriam votar na candidatura, que mais tarde foi oficializada como Chapa 1.

Inicialmente, o grupo liderado pelos três vereadores do DEM apoiaria o vereador Isnardo Brant (PMDB), aparentemente, o preferido do prefeito Ronério e seus principais aliados. Mas, por diversos fatores, diante da necessidade de unir o grupo, em torno de um candidato de consenso”, conforme explicaram as lideranças do DEM, surgiu o nome do veterano Nazareno Martins.

A decisão do DEM, de lançar candidato, significou um balde de água fria nos planos do Grupo dos Seis. Sem o voto do vereador Pitanta, Otávio Martins Filho (Tavinho, PMDB) e os quatro novatos – André Machado (PSDB); Nilson João Espíndola (PR); Arcendino José Cerino (Zunga – PR); e Leonel José Pereira (PDT) – não conseguiram a maioria (seis votos), para eleger o presidente. Que seria Tavinho.



Antes da votação, era visível o clima de tensão entre os vereadores

Foto: Heverton Alessandro / Primeira Folha


Antes da votação, que terminou já na madrugada do dia 2, a sessão foi suspensa duas vezes, quando foi proposto, ao grupo da Chapa 2, a migração de membros para a Chapa 1, “como maneira de se encontrar o consenso, o que tentamos de todas as formas”, conforme explicou Nazareno Martins. Mas eles preferiram “bater chapa”, como declarou Tavinho em plenário.


NAZARENO E A PROPORCIONALIDADE POSSÍVEL







Nazareno: “Família legislativa” em busca do consenso

Foto: Heverton Alessandro / Primeira Folha

Essa posição, segundo Nazareno Martins, derruba a tese de que a regra da proporcionalidade dos partidos na Mesa Diretora fora quebrada. A diretoria do Legislativo de Palhoça foi composta por dois vereadores do DEM (presidente e vice) e dois do PMDB, primeiro e segundo secretário. “Não podemos obrigar os outros partidos (PSDB, PDT e PR) a fazer parte da nossa chapa”, disse Nazareno. No caso, a proporcionalidade fica na base do “tanto quanto possível”. Mesmo assim, membros da Chapa 2 ameaçam recorrer à justiça.

A Mesa Diretora da Câmara de Palhoça, para o biênio 2009 / 2010, ficou assim composta: Nazareno Martins (DEM), presidente; Nirdo Artur Luz (Pitanta, DEM), vice-presidente; Isnardo Brant (PMDB), primeiro secretário; Adelino Machado (Keka, PMDB), segundo secretário.




A Mesa Diretora: Isnardo Brant, Pitanta, Nazareno Martins e Adelino “Keka” Machado

Foto: Heverton Alessandro / Primeira Folha

VETERANO NO SEXTO MANDATO

Nazareno Martins, 56 anos, casado com Luci Pagani Martins, três filhos, já presidiu a Câmara em cinco oportunidades. Conquistou o primeiro mandato em 1976. Além de vereador, também foi vice-prefeito e secretário municipal.

Na noite de primeiro de janeiro, Nazareno propôs “a união da família legislativa”, como forma de eliminar desentendimentos resultantes do processo de escolha da Mesa Diretora. Prometeu lutar pela “regularização fundiária”, defendeu a realização de “audiências públicas nas mini-regiões”, e a criação da TV Câmara, viabilizando “uma maior transparência aos temas em debate”.

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