A explosão social, que tomou as ruas do Brasil, é
resultado de anos de revolta e insatisfação
Cientistas
políticos, sociólogos, profissionais de imprensa, todos estão teorizando, em
busca de uma explicação lógica, que nos conduza a uma visão esclarecedora sobre
a motivação das últimas manifestações públicas. Contudo, muitos, principalmente
alguns profissionais de televisão, estão buscando explicações nas catracas do
transporte coletivo, culpando os míseros centavos de aumento. Outros, ainda
mais teóricos, estão se aventurando num labirinto de teorias que nada explicam.
Na verdade mais confundem do que explicam.
Essa
explosão social, que tomou as ruas e que torna difícil até mesmo uma reação das
autoridades de segurança, é resultado de anos de revolta e inconformismo. Os
centavos de aumento das passagens do transporte coletivo, é uma desculpa
primária. Apenas um dos motivos, certamente o menos importante.
Há
muitos anos, governantes e políticos em geral abandonaram a população,
particularmente, a classe média. A classe média vem sendo massacrada,
extorquida, explorada, arcando com a maior carga tributária do mundo. Mas sem
contar com serviços essenciais de saúde, educação e segurança. Neste quesito, a
violência invadiu as ruas, numa escalada jamais vista.
Os
empresários vivem sufocados por uma avalanche de tributos e encargos sociais,
além de juros extorsivos. Esse conjunto de fatores, somados à falência da malha
viária, sucateamento de portos e aeroportos, que dificultam a exportação e a
circulação da produção, está deixando a indústria brasileira sem condições de
competir.
A
classe média, empresários, profissionais liberais e outros segmentos da
sociedade, estão produzindo para sustentar uma máfia, que tomou conta do
Palácio do Planalto e se espalhou pelos ministérios, como erva daninha. No
Congresso Nacional, quadrilhas – como aquela de Lula-lá e seus 40 ladrões –
formaram trincheiras e se cercaram de proteção, através do imoral instituto da
imunidade parlamentar. São conhecidos alguns senadores e muitos deputados
federais, que usam os gabinetes para fugir da polícia e se esconder da justiça.
Justiça,
instituição falida, desacreditada, incapaz de combater a criminalidade e de
aplicar punição aos agentes do crime. Justiça, lenta, vergonhosamente lenta,
que perde corrida para tartaruga perneta.
Tudo
isso foi gerando uma insatisfação social, uma revolta – uma raiva, podemos
admitir –, contra aqueles que comandam a nação, com um único objetivo de atender
a seus interesses e de pequenos grupos.
No
sábado, essa insatisfação ficou bem explícita, com a vaia de mais de 70 mil
vozes, contra Dilma Rousseff, que, no ato de reinauguração do Estádio Mané
Garrincha, personificava uma governo podre, corrupto, e que não sabe eleger
prioridades. Tanto é assim que, economiza na saúde, na educação, na segurança,
para investir numa obra inútil, fantasiosa, que custou um bilhão e 500 milhões
de reais.
Esse
é um dos grandes motivos da revolta popular. A gastança que cheira a corrupção.
Não tem dinheiro para escolas, para hospitais, para espalhar mecanismos de
segurança, mas sobra nos cofres para construir estádio – pão e circo, para
enganar o povo.
Mas,
a classe média não se deixa enganar tão facilmente, porque estuda, trabalha,
produz, e tem acesso às redes sociais, o que a deixa independente, em relação
às parceiras do Governo Federal, as grandes redes de televisão. Onde proliferam
vozes e imagens que manipulam notícias, com objetivos claros de alienar.
No
campo, a revolta é geral. Agricultores e pecuaristas vivem acuados por grupos
de sem terra, sem terra e sem vergonhas e, ultimamente, índios desordeiros e
preguiçosos. Só no Mato Grosso do Sul, são mais de 60 fazendas invadidas.
Pecuaristas viraram nômades. Andam, permanentemente, com o gado nas costas,
sobre carretas, de um lado para outro, a procura de refúgio para esconder os
rebanhos. Fazendas são incendiadas e saqueadas, e quando a justiça – que no
Brasil é, justamente, cega, cega e ridícula – determina a reintegração de
posse, as lideranças dos índios, protegidas pela Funai, rasgam a decisão
judicial. E nada acontece.
Como
nada acontece com os bandidos que estão matando, nas cidades, para roubar um
celular, um par de tênis. Que estão incendiado pessoas, porque tinham pouco
dinheiro, na hora do assalto. Que estão espancando idosos até a morte, para
roubar. Que estão matando crianças, no colo do pai, porque houve demora em
entregar as chaves do carro.
Injustiça
nas cidades e no campo. Governo voltado para minorias, em detrimento de uma
maioria, que ajuda a construir o país. Intransigência, insensibilidade e
arrogância do Palácio do Planalto, que nem mesmo aceita discutir a questão
técnica da maioridade penal. São ingredientes explosivos.
Como
numa represa, a água foi se acumulando, até que apareceu uma primeira
infiltração. Surgiu na forma de protesto contra o aumento da passagem, em São
Paulo e em outras cidades. O vazamento tornou-se mais evidente, evidente e
perigoso, ameaçador, quando agricultores, pecuaristas e outros trabalhadores
realizaram mobilizações simultâneas, em nove estados, inclusive Santa
Catarina.
Mas,
foi no Mané Garrincha, que a sirene deu seu grito final de alerta. A vaia
estrondosa, e merecida, contra Dilma Rousseff, foi o último aviso. Foram cinco
ondas de vaias seguidas. Mas ela não levou essa preocupação, ao ninho da
corrupção. Puxa-sacos do Planalto menosprezaram a manifestação popular. Acharam
que se tratava apenas de vaia de torcedor.
Nos
fatos relatados, está a motivação que multiplicou os brasileiros nas ruas de
várias capitais. Uma multidão nunca antes vista. Admitir que apenas os centavos
do transporte coletivo mobilizaram as massas, é ser econômico demais, na
argumentação.
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Informação com opinião.
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