A conclusão a que chegamos, bastando, para isso, uma superficial análise dos números, é que estamos pagando duas vezes pelo mesmos serviços, que deveriam ser públicos, mas que são transferidos para a iniciativa privada.
Um estudo do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT) revela que a classe média brasileira vai trabalhou 75 por cento do ano de 2008, para pagar tributos e adquirir serviços públicos essenciais, principalmente nas áreas da saúde, educação e segurança. Isso significa três quartos do ano. Ou seja: de janeiro a setembro, marchamos nas trincheiras de produção, para alimentarmos os governantes e a classe política, principalmente o bando de Brasília.
Segundo conclusão a que chegaram os técnicos do IBPT, “a deficiência na prestação dos serviços públicos obrigam as famílias a gastar cada vez mais com serviços privados, em substituição àqueles que deveriam ser fornecidos pelo Estado”.
Como isso acontece? Os governos – principalmente aquele estabelecido na república brasileira do mensalão –, saqueiam os súditos de todo o país, exigindo, constrangendo e até ameaçando para conseguir seus objetivos: que é arrecadar o máximo possível.
Somente em 2008, a Receita Federal já amontoou, em seus cofres, mais de 700 bilhões de reais. Assim, pagamos a maior carga tributária do mundo, ao império do Rei Lula, mas não desfrutamos de serviços públicos nos mesmos níveis.
Não é mais novidade para ninguém, que a saúde é um caos. E, como a saúde está na UTI, apelamos para os planos complementares, que nem sempre correspondem à expectativa.
Que a educação é deficiente – basta citarmos que mais de dois milhões de crianças, rigorosamente matriculadas nas escolas, como manda o figurino oficial, para engordar estatísticas, não sabem ler, nem escrever. Então, se a educação não é das melhores, os filhos da classe média passam a freqüentar escolas particulares.
E a segurança mais parece um roteiro de filme de terror. Quem dita as regras são os narcotraficantes, contrabandistas de armas, membros do crime organizado e desorganizado, espalhados como polvos malditos, das favelas aos palácios, com seus tentáculos em setores do Executivo, do Legislativo e do Judiciário. Horrorizados com a criminalidade, compramos equipamentos e contratamos serviços. Nos enjaulamos em nossas casas e no trabalho.
Conclusão: pagamos pelos serviços públicos, através dos impostos, mas não podemos contar com o Estado / Nação. Então, somos forçados a comprar os mesmos serviços da iniciativa privada.
Na área dos transportes, gradativamente, o governo Lula da Silva (que na campanha pela reeleição era contra as privatizações, uma manobra de Satanás! – dizia) vai privatizando as rodovias. Mas continua cobrando impostos nas mesmas proporções, inclusive através da Cide, Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico, o imposto específico dos combustíveis, um embuste do Governo Federal. (Sobre a Cide, trataremos, detalhadamente, num capítulo à parte).
Por todos os serviços aqui mencionados, e tantos outros não referidos, pagamos muito caro e nem sempre a qualidade é a ideal.
Detalhe importante: geralmente, as empresas prestadores de serviços, nas áreas de saúde, educação e segurança, pertencem aos políticos e administradores públicos, ou a aliados, que, em épocas de campanha eleitoral, como agora, sustentam suas gorduchas despesas e mordomias.
É fácil de entender mais essa maracutaia. A classe política deixa de prestar o serviço público, para vender os serviços através da iniciativa privada. Muito conveniente.
Assim, precisamos trabalhar três quartos do ano, de janeiro a setembro, para pagarmos impostos e despesas com serviços prestados pela iniciativa privada. Serviços que deveriam ser prestados pelo Estado / Nação.
Apesar de tudo isso, cerca de 65 por cento dos súditos acham que o rei é muito bom. O rei saqueia as províncias, através de seus soldados arrecadadores de impostos, mas o rei é bom.
(Baby Espíndola)