Se as forças das rajadas do vento sul aumentarem, a lendária Ponte
Hercílio Luz poderá desabar, no fundo do mar – admite o Governo
do Estado.
“A
ponte do rio que cai” lembra um quadro de um programa de televisão.
A produção televisiva, foi inspirada no filme anglo-americano, “A
Ponte do Rio Kwai”, dirigido por David Lean, vencedor do Oscar de
Melhor Filme de 1958. Bom filme, com trilha sonora de igual valor.
O
filme narra uma história de bravura, heroísmo e dignidade humana.
Reproduz a ação de um grupo de prisioneiros britânicos que,
cumprindo ordem dos japoneses, construíram uma ponte de transporte
ferroviário, sobre o Rio Kwai, na Tailândia. A construção serviu
para elevar o moral dos prisioneiros, liderados pelo Coronel
Nicholson. A ponde foi destruída, no momento em que passava o
primeiro trem com armamento japonês, para invadir a Índia.
Mas,
que os prisioneiros britânicos fizeram a ponte, isso fizeram.
Humilhados, maltratados, famintos, mesmo assim, deram conta do
recado.
Em
outro cenário, mas também sem grandes recursos, humildes operários,
contratados por uma empresa americana, construíram a nossa Ponte
Hercílio Luz. Era a vontade do governador Hercílio Luz. Com
determinação e coragem, Hercílio Luz construiu a ponte em quatro
anos. Ressalto, mais uma vez que, naqueles tempos, os construtores
não dispunham de tecnologia de elevado nível. Mesmo assim, botaram
a ponte de pé, para espanto de muitos.
A
ponte foi originalmente construída para sustentar a pista de
rolamento, uma via férrea, uma passarela de pedestres e a adutora de
abastecimento de água de Florianópolis.
Relata
a história, que os trabalhos começaram em 1922, com inauguração
ocorrida em 13 de maio de 1926, uma quinta-feira, com chuva tocada
pelo vento sul. A monumental obra consumiu um orçamento de cinco
milhões de dólares, financiados pelos Estados Unidos.
Pois
agora, quase 90 anos (88 anos, na verdade), depois de sua
inauguração, nessa quinta-feira (27 de novembro), outra vez
açoitados pelo vento sul, estamos na iminência de sermos
protagonistas de um filme da vida real, que pode ser intitulado como
“A Ponte do mar que cai”.
De
fato, está ventando do sul. Rajadas moderadas, agregando ao nosso
ambiente, temperaturas agradáveis. Com sintoma de que poderá chover
a qualquer momento.
Sempre
consideramos o minuano, como fato rotineiro, aparecendo de tempos em
tempos, farfalhando as folhas das bananeiras, fazendo as árvores
dançar. Nunca foi motivo de pavor, de preocupação.
Porém,
desde a noite de quarta-feira, o vento sul é uma preocupação. Se
as forças das rajadas aumentarem, a lendária Ponte Hercílio Luz
poderá desabar, no fundo das baías, com tendência a ser empurrada
mais para a Baía Norte.
Foi
o que afirmou o presidente do Deinfra, Paulo Meller. Com cara de
vidente desajeitado, o gerente da falência da ponte admitiu o
fracasso do Governo do Estado, para conseguir manter a sobrevivência
do maior símbolo de Santa Catarina. Pois disse que, vento sul, com
rajada de cem quilômetros pode derrubar a ponte. Só por isso,
merece uma surra de vara de pitangueira.
Seria
uma tragédia inimaginável. Ninguém consegue imaginar Florianópolis
sem a velha ponte de aço.
Ela
esta lá, quase sem vida, desde que foi
interditada, em 22 de janeiro de 1982, por decisão do DER/SC.
E não faz parte do nosso rosário de preocupações do cotidiano.
Mas, se desaparecer, vai fazer falta. O buraco negro, com toneladas
de ferragem no fundo do mar, vai ser motivo de muita saudade. Uma
triste lembrança.
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