segunda-feira, fevereiro 11, 2008

BABY ESPÍNDOLA REPÓRTER ALERTA

Os transtornos do congestionamento azul, na Via Expressa Sul

O trânsito é caótico, antes e depois dos jogos na Ressacada

Sempre que o Estádio da Ressacada abre suas portas para os torcedores, o trânsito, entre o Centro da Capital e o Sul da Ilha, se torna um pesadelo, um inferno. Principalmente, quando, no gramado, estão a disputar a bola, os rivais Avai, dono da casa, e o Figueirense, o clube da região continental. Quando o jogo é um clássico, como aconteceu no domingo, 10 de fevereiro, o trânsito mais parece artéria entupida de doente terminal.

E a solução, é uma cirurgia, para extirpar o problema crônico. Melhorou muito, com a inauguração da Via Expressa Sul e o túnel Governador Aderbal Ramos da Silva, que liga o Aterro da Baía Sul ao Saco dos Limões. Mas ainda não é a solução, porque as três pistas de trânsito rápido, na Via Expressa Sul – 80 quilômetros/hora –, conduzem os veículos para um afunilamento irreversível, no entroncamento da Avenida Jorge Lacerda, a geral da Costeira, com a estrada da Ressacada, vias da Região Leste da Ilha e Armação e Pântano do Sul.

A correria desenfreada, dos apressados em chegar ao estádio, que cantam hinos de glória, gritam palavras de ordem, buzinam, apitam, termina abruptamente num ponto de afunilamento e estrangulamento. Uma solução mais complexa exigiria um elevado, um viaduto, obra de engenharia mais arrojada, na região Costeira/Rio Tavares.

O problema é maior porque, em dias de jogo na Ressacada, centenas de veículos, cujo destino não é o estádio do Avaí, misturam-se aos carros dos torcedores eufóricos, que vestem as cores do time da casa ou do visitante, além das tremulantes bandeiras.

JOGO NA RESSACADA. CONGESTIONAMENTO À FRENTE

A PM bem que se esforça, para evitar transtornos maiores, mas não consegue evitar o pior: os congestionamentos, com filas quilométricas. Para minimizar o problema, vai aqui uma despretensiosa sugestão: o setor responsável pelo policiamento de trânsito, no caso a própria PM, poderia instalar, desde a saída da Ponte Pedro Ivo Campos, no Aterro da Baía Sul, na entrada e depois na saída do túnel, sentido Centro-Ressacada, placas alertando para o caos no trânsito. Placas removíveis, em cavaletes. Esse poderia ser o texto: “Jogo na Ressacada. Congestionamento à frente”.

Alertados, muitos motoristas desviariam por outras rotas alternativas. Ainda no início da Via Expressa Sul, há como fugir do engarrafamento, retornando ou fazendo uso das ruas que cortam o bairro Saco dos Limões (Rua João Motta Espezim e, principalmente, a Avenida Prefeito Waldemar Vieira), vias com acesso ao Pantanal, de onde, o motorista pode escolher outros trajetos. Quem necessariamente está indo para Rio Tavares, Armação, Pântano do Sul, Açores e localidades próximas, Campeche e região, pode desviar, ainda, pela Avenida Beira Mar, passando pela Lagoa da Conceição, Canto da Lagoa. Inclusive, o mesmo trajeto, bem mais longo, é claro, também dá acesso ao Aeroporto e, de lá, o Estádio da Ressacada. Algumas dessas rotas alternativas aumentam, em muito o percurso, mas compensa, porque o motorista evita a fila e pode, ainda, curtir a natureza bucólica da região.

Essa sugestão serve, principalmente, aos usuários do Aeroporto Internacional Hercílio Luz. Imagine um visitante, a negócios, em Florianópolis, que toma um táxi e é surpreendido pelo fator tempo. Considerando-se que o taxista sabe do engarrafamento, vai sugerir um trajeto alternativo, mas, muito mais longo. E o visitante vai perder o vôo – pelo fator tempo.

Deve-se admitir, ainda, que nem todos os moradores da região acompanham o noticiário esportivo, para detectar, com antecedência, o problema de trânsito, no sentido Centro-Sul da Ilha. Tanto é assim que, no domingo, 10 de fevereiro, centenas de motoristas procuraram um retorno, ao longo da Via Expressa Sul. Mas, primeiro, enfrentaram uma hora de fila, sobre o asfalto escaldante, embaixo de um sol abrasador. Problemas conseqüentes são inúmeros: o mal estar físico, para quem não tem ar condicionado no veículo. Danos materiais no carro, por conta dos motoqueiros afoitos, que passam entre as filas, em alta velocidade, tocando acidentalmente (mas descuidadamente) nas latarias com os mastros das bandeiras. Superaquecimento de motores. Na data em questão, dois radiadores ferveram ao extremo, o que significou mais problemas no já problemático engarrafamento.

Não pretendemos, aqui, adotar a posição de estrategista em trânsito. Até porque a PM tem seus especialistas; o IPUF (Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis) estuda alternativas de maneira eficiente; o Deinfra (Departamento Estadual de Infra-Estrutura), responsável pelas rodovias de Santa Catarina (a Via Expressa Sul não deveria, mas é estadual), também arregimenta seus técnicos e engenheiros de tráfego.

Então, essa sugestão não passa, literalmente, de uma mera sugestão. Mas, acredito, poderá ser tentada por alguém de bom senso. Alertem os motoristas desavisados sobre o congestionamento no acesso ao Estádio da Ressacada. Não há porque exigir o sofrimento, no trânsito, de quem não vai a campo torcer. Motoristas com outros objetivos e destinos diversos devem ser alertados, para que busquem alternativas.

Texto: Baby Espíndola

Fotos: Marly Rossetto

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